Carta mensal - Abril de 2024

Resumo da carta

  • Juros elevados por mais tempo: Expectativas para taxas de juros de longo prazo no Brasil foram ajustadas em março, refletindo uma inflação abaixo do esperado e revisões na política fiscal, juntamente com pressões dos juros americanos, sugerindo uma redução mais moderada da SELIC.
  • Abril negativo: Abril destacou a recuperação dos ativos de Crédito Privado, enquanto outras classes sofreram com juros altos e queda nas bolsas, exacerbadas por tensões geopolíticas, inflação e alta das commodities, elevando o dólar frente ao real.
                               

Juros elevados por mais tempo

No mês de março, observamos uma significativa mudança nas expectativas das taxas de juros de longo prazo do Brasil, mesmo diante da inflação ter vindo abaixo do esperado, com uma prévia de 0,21% em abril, enquanto o consenso era de 0,29%.

O mercado tem ajustado suas perspectivas, especialmente em relação à taxa de juros SELIC, antecipando um ritmo de redução menos acentuado para o futuro. Roberto Campos, Presidente do Banco Central, elencou dois fatores críticos que influenciaram essa mudança de perspectiva e possivelmente podem provocar um impacto sobre a expectativa de inflação:

  1. Juros Americanos: A economia dos EUA exibe um desempenho mais robusto e um ambiente inflacionário acima do esperado, levando a expectativas de juros mais altos naquela economia. Novamente, os dados apresentados para inflação vieram acima do esperado.
  2. Política Fiscal Brasileira: No mês, houve uma revisão da meta para 2025 de resultado primário pelo governo brasileiro, indicando um maior afrouxamento fiscal. Com as novas projeções anunciadas, eventual superávit nas contas públicas é postergado para o próximo governante. Isso posto, houve uma precificação pelo mercado de uma piora do risco Brasil.

Para a próxima reunião do COPOM que irá definir a taxa de juros do Brasil, o mercado já está apostando em uma queda menor, de 0,25% ou na manutenção da taxa nos atuais 10,75% ao ano. Além disso, a expectativa é de que o ciclo de redução se aproxime mais de 10% ao ano, em comparação com os 9% que o mercado estava prevendo no mês anterior.

Esse recente ajuste na curva de juros tem reflexos diretos na valorização de ativos de renda fixa, podendo gerar impactos negativos a curto prazo devido à marcação a mercado.

Contudo, essa situação também apresenta novas oportunidades de investimento em títulos com taxas mais atrativas. No mês, voltamos a observar opções de alocação em ativos prefixados com taxas acima de 12% ao ano, que estavam escassos nos meses anteriores.

Abril negativo

Em termos de retornos, um dos poucos destaques positivos do mês de abril foram os ativos de Crédito Privado atrelados ao CDI, que se recuperaram bem em 2024 após um ano de 2023 com maiores dificuldades, devido a estresses de crédito pontuais, como Americanas e Light, entre outros.

Com a expectativa de juros altos por mais tempo no Brasil e nos EUA, a maior parte das classes de ativos com maior risco tiveram desempenho negativo no mês, revertendo parte do otimismo do primeiro trimestre. A Bolsa Americana registrou a primeira correção do ano, com índice S & P 500 caindo -4,16%.

A Bolsa Brasileira registrou uma queda de -1,7%, enquanto o índice de ações das empresas menores (SMLL) sofreu uma significativa baixa de -7,76%. Essa disparidade pode ser atribuída à representatividade das ações da Petrobras no IBOVESPA que registraram um aumento de 15% no mês. Além disso, a elevação dos preços das commodities também está gerando uma maior cautela em relação à trajetória de queda da inflação. 

Em linha, os Fundos Imobiliários tiveram o primeiro mês de queda no ano, com o IFIX recuando -0,77%.

Além do fator juros, o receio de escalada da guerra após o ataque do Irã a Israel gerou uma corrida pelo Dólar Americano, que se valorizou frente a outras moedas. Com o Real, essa apreciação foi um pouco mais forte, com o dólar subindo +3,51% no mês. 

Cabe destacar que durante períodos mais incertos, como o atual, em que tivemos um aumento expressivo nas taxas de juros longas, surgem oportunidades de alocação que, se aproveitadas, podem contribuir para elevar os retornos compostos da carteira no longo prazo.

A médio prazo pode ser ruim para economia taxas de juros maiores, mas em contrapartida, o slogan de sermos um “país do rentismo” seguirá se materializando e para investidores isso significa atingir seu objetivo financeiro mais cedo. 

Desejamos a todos um próspero Maio!